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A pesar de que ha constituído su ?gura pública a través de la poesía y de la canción popular, Vinicius fue uno de los grandes escritores de prosa de su generación (una generación, sería oportuno recordarlo, cuya prosa estaba cristalizada en su gran parte por el carioquísima género de la crónica).

 

 

Con un amplio número de periódicos que circulaban por la ciudad, y un equipo de escritores que abarcaba desde Rubem Braga hasta Carlinhos de Oliveira, desde Carlos Drummond de Andrade hasta Clarice Lispector, y desde Fernando Sabino hasta Nelson Rodrigues, Vinicius se ubicaba entre ellos como un cronista que transmitía en su prosa los mismos motivos y la misma leveza de estilo que le presentaba al público en sus poemas.

 


A última viagem de Jayme Ovalle
Vinicius de Moraes
Poesia

A ÚLTIMA VIAGEM DE JAYME OVALLE


Ovalle não queria a Morte
Mas era dele tão querida
Que o amor da Morte foi mais forte
Que o amor do Ovalle à vida.

E foi assim que a Morte, um dia
Levou-o em bela carruagem
A viajar — ah, que alegria!
Ovalle sempre adora viagem!

Foram por montes e por vales
E tanto a Morte se aprazia
Que fosse o mundo só de Ovalles
E nunca mais ninguém morria.

A cada vez que a Morte, a sério
Com cicerônica prestança
Mostrava a Ovalle um cemitério
Ele apontava uma criança.

A Morte, em Londres e Paris
Levou-o à forca e à guilhotina
Porém em Roma, Ovalle quis
Tomar a sua canjebrina.

Mostrou-lhe a Morte as catacumbas
E suas ósseas prateleiras
Mas riu-se muito, tais zabumbas
Fazia Ovalle nas caveiras.

Mais tarde, Ovalle satisfeito
Declara à Morte, ambos de porre:
— Quero enterrar-me, que é um direito
Inalienável de quem morre!

Custou-lhe esforço sobre-humano
Chegar à última morada
De vez que a Morte, a todo pano
Queria dar uma esticada.

Diz o guardião do campo-santo
Que, noite alta, ainda se ouvia
A voz da Morte, um tanto ou quanto
Que ria, ria, ria, ria...

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