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CURTIÇÃO VEGETAL
Lembra-me uma visita
Ao Jardim Botânico onde te vi de súbito
Vegetal, integrado (de boina) na paisagem
De folhagens e troncos, um tronco plantado
Em Temuco e que espalhou seus ramos pelo mundo
Dando flores, serpentes, passarinhos
E grandes frutos pensos
Abrigando colmeias
E sugado por lælias ninfômanas.
Um bom gigante
Contundido de raios e tormentas
Ejaculando ceras e resinas
De alburno tenro
Sem um espinho sequer, criando alfombras
Onde se deitarem os namorados
Para gritar seu pânico no ato.
Impávido ante os ventos
A proteger, compacto
Seus ninhos, suas borboletas frágeis
Seus bons camaleões, suas lagartas
Seus morcegos senis, suas corujas
Míopes, mas com vergonha de usar óculos.
Com tremendas raízes que fizeram
Residência na terra
Como garras de amor no chão cravadas
Cobertas de varizes sumarentas
E cogumelos priápicos
Em meio a vegetais umidescências.
Passeavas com Delia de mãos dadas
Numa passada lenta
Olhando no alto a copa das palmeiras
Plantadas por dom João VI
Triste por não ter visto a flor-de-maio
Dar-se a ti em outro mês.