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CHEGADA AO MÉXICO
Descendo Sierra Madre
Num veloz Roadmaster
Como um doido pião, entrei Ciudad de Mexico
À noitinha. No hotel, Di me esperava
Com abraços e vinho. Logo fomos
Pela ampla cidade até Neruda
Prostrado em sua cama.
Ao seu lado, sentada
Uma mulher me olhou, toda de negro
A cabeleira branca
Em duas tranças repartida ao meio
E de beleza tanta
Que o coração bateu-me e tive medo.
E pus-me a amá-la assim, muito em segredo.
Depois Delia contou-me:
As pernas de Neruda se cansaram
De carregar-lhe o peso
Seja montado a cavalo
Seja a pé mesmo
E uma feia flebite
Se instalara por fim em suas veias.
Os médicos tratavam-no
Contando chistes, dando tempo ao tempo.
Havia em sua voz muito receio.
Mais tarde, ao despedir-me
Deixei na mão da dama um leve beijo
Enquanto ela impassível
Na minha insinuava um leve peso.
Na rua, junto a Di, abri o bilhete
Era a chave, meu Deus!
A chave do edifício com o endereço
Parecia impossível...
Ergui um grato olhar aos céus do México:
— Senhor, eu não mereço...
Ela também chamava-se Maria...
Seria a mesma?
Amamo-nos com fúria e desespero.