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Genebra em dezembro
Vinicius de Moraes
Poesia

GENEBRA EM DEZEMBRO


Campos de neve e píncaros distantes
         Sinos que morrem
Asas brancas em frios céus distantes
           Águas que correm.

Canais como caminhos prisioneiros
          Em busca de saída
Para os mares, os grandes, traiçoeiros
          Mares da vida.

Cisnes em bando interrogando as águas
         Do Ródano, cativas
Ruas sem perspectivas e sem mágoas
          Fachadas pensativas.

Chuva fina tangendo namorados
         Sem amanhã
Transitando transidos e apressados
         Pont du Mont Blanc.

Relógios pontuais batendo horas
         Aqui, ali, adiante
Vida sem tempo pela vida afora
          Tédio constante.

Tédio bom, tédio conselheiro, tédio
          Da vida que não é
E para a qual há sempre bom remédio
          No bar do “Rabelais”.


Genebra, 1954

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